Marília de Dirceu

Autor: Tomás Antônio Gonzaga

O poeta Tomás Antônio Gonzaga (1744-1810) nasceu em Portugal e morreu em Moçambique, passou seus primeiros anos no Recife e na Bahia, e na adolescência voltou para Portugal a fim de completar os estudos, matriculando-se em uma faculdade de Direito. Exerceu o Direito por alguns anos, porém foi detido sob alegação de participação na conspiração da Inconfidência Mineira. Nessa época, era casado com Maria Doroteia Joaquina de Seixas, a quem dedicava seus poemas, que viriam a formar o livro Marília de Diceu (1972). Em suas liras, eram identificados  a contenção e o equilíbrio neoclássicos, com a utilização de todos os lugares-comuns do Arcadismo: um pastor, uma pastora, o campo, a serenidade da paisagem principal além do emocionalismo pré romântico.

" Eu tenho um coração maior que o mundotu, formosa Marília, bem o sabes;um coração, e bastaonde tu mesma cabes"

Obra: Marília de Dirceu

O tema desse livro é o amor. Amor puro e idealizado. A obra se divide em três partes, mas citarei somente as duas primeira, já que a terceira tem a autenticidade questionada por alguns críticos.

Primeira Parte: Contém os poemas escritos antes da prisão de Gonzaga, nela, o pastor Dirceu contempla a beleza de Marília, os projetos de uma vida sossegada no futuro, rodeados de filhos e bem cuidado pela esposa.
Segunda Parte: Escrita na Ilha das Cobras, no período em que Gonzaga estava preso. Os poemas mostram a solidão de Dirceu e as saudades que ele tinha de Marília. Encontra-se presente o tom confessional e o pessimismo em relação à sua vida amorosa.

É muito encontrado no livro, a figura de repetição:

"Ganhei, ganhei um trono"

"Verás, verás Marília" 

"Eu vou, eu vou subindo a nau possante"

O livro Marília de Dirceu oferece poesia para os gostos eruditos, poesia cheia de sentimentos, melancolia, lamentações, e por que se trata de um grande poeta, vem se incluindo na História Literária de Portugal e do Brasil.

"Eu, Marília, não sou algum vaqueiro,De tosco trato, d’ expressões grosseiro,Dos frios gelos, e dos sóis queimado.Tenho próprio casal, e nele assisto;Dá-me vinho, legume, fruta, azeite;Das brancas ovelhinhas tiro o leite,E mais as finas lãs, de que me visto.Graças, Marília bela,Graças à minha Estrela!"Que viva de guardar alheio gado;