A Semana de Arte Moderna (13-15-17/02/1922) foi uma "bagunça" promovida por jovens que queriam tirar o mofo das artes vigentes no Brasil. Houve forte influência da vanguarda europeia (grupos que acreditavam nas novas concepções de arte surgidas com o modernismo, os principais foram o impressionismo, expressionismo, cubismo, futurismo, dadaísmo e surrealismo), graças aos imigrantes anarquistas europeus que estavam no Sul e no Sudoeste. Esses jovens queriam discutir o Brasil e propor uma arte verdadeiramente brasileira.
Entre as propostas dessa semana estavam:
- Antiformalidade.
- Antiacademismo: vale o novo, o diferente.
- Língua popular elevada à categoria de linguagem literária.
- Brasilidade: modo de ser brasileiro
- Valorização da cultura nacional.
- Versos livres, sem rimas ou métrica.
- Mistura de verso e prosa.
- Humor.
- Liberdade total.
Poética
Estou farto do lirismo comedido
Do lirismo bem comportado
protocolo e manifestações de apreço ao Sr. diretor.
Estou farto do lirismo que pára e vai averiguar no dicionário
o cunho vernáculo de um vocábulo.
Abaixo os puristas
Todas as palavras sobretudo os barbarismos universais
Todas as construções sobretudo as sintaxes de exceção
Todos os ritmos sobretudo os inumeráveis
Estou farto do lirismo namorador
(...)
Quero antes o lirismo dos loucos
O lirismo dos bêbedos
O lirismo difícil e pungente dos bêbedos
O lirismo dos clowns de Shakespeare
- Não quero mais saber do lirismo que não é libertação.
Manuel Bandeira
O poema acima, "Poética", verdadeira profissão de fé modernista, foi publicado no livro Libertinagem, de Manuel Bandeira, em 1930, o qual contém trinta e oito poemas escritos entre 1924 e 1930; na maioria deles, podemos observar a intenção do poeta em romper com as formas tradicionais, acadêmicas e passadistas. Libertinagem tem sido considerada a obra mais vanguardista de Manuel Bandeira, aquela em ele praticou mais livremente a liberdade formal, valendo-se de versos e estrofação irregulares, abandono da rima e largo emprego da linguagem coloquial numa atitude antiformalista.
A partir das ideias sugeridas por Abaporu (aba: homem; poru: que come carne humana), pintura de Tarsila do Amaral, Oswald de Andrade lança o Manifesto Antropófago, materializado na Revista de Antropofagia, fundada por ele mesmo e Raul Bopp. O Manifesto Antropófago foi uma radicalização do Manifesto Pau-Brasil. Propunha "comer a cultura europeia e aproveitar dela o que vale a pena - antropofagia total - e eleger uma cultura alternativa àquela que as civilizações ocidentais e orientais consideravam como vencedora. Indianização do europeu em vez de europeização do índio.
A Semana de Arte de 1922 foi tema abordado na minissérie Um Só Coração, da Rede Globo. Assista agora a uma seleção cenas dessa minissérie para uma melhor compreensão e ilustração do que foi a Semana de Arte Moderna:
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